terça-feira, 3 de abril de 2012

“ESTAS CRIANÇAS E JOVENS QUE NOS INCOMODAM”

Estas crianças e jovens que nos incomodam

Esta é uma árvore com um simbolismo muito grande em África. Transmite segurança, pois a quantidade de troncos e ramos que se cruzam dá-lhe um suporte enorme, Paz, vida, é acolhedora e tem um ar terno apesar da sua dimensão, e sabedoria pois algumas têm séculos de existência.
É assim que eu gostaria que as Instituições tivessem o mesmo simbolismo para com as crianças e jovens que nelas são acolhidas.
Por direito fundamental, e como todos sabemos, todas as crianças deveriam crescer no seio de uma família onde se sinta amada protegida, por pessoas com capacidade paternal e sentido de responsabilidade, virtude essencial nesta função. Quando isto não acontece, as instituições são os locais que se propõe para substituir os pais nesse papel de acolhimento, de socialização, educação e formação.
Infelizmente ao longo destes últimos anos, algumas instituições têm vindo a omitir a qualidade e exigência das boas práticas institucionais, indispensáveis ao bom desenvolvimento físico e psíquico das crianças e jovens, e pouco centradas na efectivação dos direitos das crianças e jovens.
A promoção e a protecção dos direitos das crianças constituem uma prioridade da política da maioria dos países, em matéria de direitos humanos.”

Esta premissa é o que ouvimos todos os dias nos noticiários, que lemos nos jornais e revistas, que ouvimos dizer a alguns governantes e organizações. A situação actual mostra-nos outra realidade, cruel e barbara, provocada pelo homem, irresponsável e inconsciente e desrespeitador pelos direitos das crianças e jovens.
Infelizmente, reparamos que a insuficiente protecção das crianças e a violação dos seus direitos, decorrem todos os dias e nos mais variados países. Muitas delas são agravadas por constrangimentos sócio-económicos, sócio-culturais, religiosos, por pais e adultos próximos das crianças com grandes responsabilidades na sua educação e proteção, e por Instituições, que por razões várias, não desempenham esse papel, tornando esta situação num obstáculo ao próprio desenvolvimento das diretrizes de alguns Estados.
Daí que as declarações de principio e os proclamados “Planos de Acção” fiquem inúmeras vezes por isso mesmo, sem nenhuma outra consequência.
Na Realidade, Resoluções, Convenções, Protocolos e organizações internacionais que enunciam acções, reafirmam direitos, e relembram compromissos, demonstram quão precária é a acção dos Estados e dos governos, relativamente à defesa dos mais desprotegidos.
As crianças necessitam de protecção especial porque sendo crianças são dependentes, estão em processo de formação e são potencialmente vulneráveis. Considerando que as crianças em circunstâncias difíceis, e com factores que colocam em situação de risco, necessitam de um maior apoio para usufruir a igualdade de direitos ou ser protegidas contra a violência, a exploração, o abuso e a negligência.
Logicamente que a insuficiente protecção das crianças e a violação dos seus direitos decorrem e são agravadas por constrangimentos sócio-económicos e sócio-culturais, obstáculos ao próprio desenvolvimento.
Por isso que muitas das vezes as declarações de princípio e os proclamados planos de acção fiquem inúmeras vezes por isso mesmo, sem qualquer tipo de efeito.
As questões globais da economia, da política e da informação não conseguem contribuir para o crescimento da esperança de milhões de crianças e jovens entregues solitariamente à luta pela sobrevivência, quer no palco dos conflitos armados, quer como soldados de um quotidiano de vida sem direitos.
Cada vez mais as crianças e jovens são vítimas da barbárie adulta que a si própria chama civilização, as crianças e os jovens esperam que o direito de o serem, um dia aconteça.
Sabemos que o homem (adulto) decide a paz, a tolerância, intolerância, a resolução pacífica os conflitos, das justiças sociais, da justiça do progresso. Ele dá o exemplo diário, em todo o tipo de instituições, infelizmente o que ouvimos todos os dias, são exemplos nefastos ao bom desenvolvimento moral e psicológico de qualquer criança ou jovem. Actualmente no mundo dos adultos nem  sempre são determinados por Convenções, Protocolos ou Resoluções como fazem crer, antes resultam da construção de uma outra ordem mundial a que eles chamam de Progresso e Justiça Sociais.
Quando tivermos na realidade  um mundo de progresso e justiça feito por homens sérios, honestos e humanos, que saibam e sintam que ao seu lado há pessoas que sofrem com fome, com frio com doenças, solidão, com injustiças, aí haverá lugar para todas as crianças e jovens, independentemente da raça, da cor, do sexo, da língua, da religião, da nacionalidade, da origem étnica, social ou familiar e da situação económica.
O direito de não ser objecto da violência, da exploração contínua, de abusos, de tratamentos verdadeiramente cruéis e bárbaros, continua ainda à espera por milhões de crianças e jovens espalhadas pelo mundo.



Que protecção e que assistência?
O que estamos a fazer às nossas crianças?
Porquê esperamos?